História da Companhia de Artilharia 1688 na Guiné Bissau entre 1967 e 1969

segunda-feira, janeiro 15, 2007

B U L A

TREINO OPERACIONAL

Desembarcados em 2 de Maio de 1967, permanecemos em Bissau, instalados no "600" e
em 5 daquele mês, numa sexta feira, o nosso pelotão ( o terceiro) arrancou em coluna militar
pela estrada de João Landim, em direcção a Bula; nesse mesmo dia, efectuámos uma patrulha em redor de Bula.
Passo a resumir a actividade do 3º Pelotão durante esse período ( Treino Operacional):
Em 6 - Sábado - Escolta a S. Vicente ( sem contactos)
Em 8 - segunda - Efectuámos escolta a recolha de cibos e à noite saida noturna em redor de
Bula;
Em 9 - Terça - Experimentámos as armas na bolnha próximo de Bula e à noite, nesse mesmo
local efectuámos uma emboscada, sem resultados
Em 10 - Efectuámos ronda em redor de Bula;
Em 12 - Patrulhamento de cerca de 18 Kms
Em 15 - Patrulha às tabancas nos arredores de Bula;
Em 18 - Quinta Feira - Colaborámos na operação conjunta com outros pelotões à zona do Queré
onde sofremos um ataque, e ocorreu o Baptismo de Fogo do 3º Pelotão - o primeiro baptismo da Companhia; ( Narrativa em separado)- Contacto na zona de Late, a leste de Encheia.
em 19- Efectuámos segurança em S. Vicente à coluna de transporte de cibos para o aquartelamento de Naga
Em 22 e 23 - Emboscada em Binar ( segurança)
Em 25 e 26 - Operação a zona de Binar
Em 28 Escolta à recolha de lenha na estrada de Có
Em 29 - Patrulhamento ne estrada e zona de Có
em 30 . Ronda em Bula
Em 1 de Junho de 1967 - Recolha de cibos na estrada de Binar
Em 2/06 Picou-se e estrada para S Vicente bem como a Pista da avioneta em Bula.


ACTIVIDADE DO 2º PELOTÃO

Dia 7 - Patrula durante o dia
Dia 8 - Patrulha noturna
Dia 9 - Experimentou armas na bolanha e participou na emboscada noturna
Dia 10 - Operação a S. Vicente
Dia 11 - Voltpua experimentar armas na Bolanha
Dia 12 - Efectuou treino de tiro
Dia 13 - Efectuou ronda noturna
Dia 15 - Operação patrulha a tabancas em S Vicente
Em 16 - Picou estrada para S Vicente
Em 18 - Picou estrada para Binar até à Tabulete
Dia 19 - Segurança a S. Vicentee escolta a coluna para Naga
Em 21 e 22 - Emboscada em Binar
Em 22 - Emboscada na zona do Choquemoney
Em 25 e 26 - Operação a Binar
Em 29 Patrulha para Có


ACTIVIDADE DO 1º PELOTÃO

Chegou a Bula no dia 8

Em 9 Efectuou uma patrula em redor de Bula e efctuou uma emboscada
Em 10 - Colaborou na operação a S Vicente
Em 11 - experimentou armas na bolanha e efectuou ronda noturna
Em 12 - efetuou treino de tiro
Em 15 - Picou estrada de S Vicente
Em 16 Efectuou ronda noturna
Em 17 Colaborou na escolta aos cibos e esteve num julgamento (?)
Em 18 Picou a pista e fez escolta para joão Landim
Dia 19 - Colaborou num golpe de mão a Binar
Em 20 - Picou a estrada até à placa de Binar
Em 22 e 23 - Emboscada a Binar em segurança
Em 25 e 26 - Operação a Binar
Em 29 - Patrulhamento para Có


Entre 1 e 7 de Junho a CART 1688, com excepção do 3º Pelotão, deslocou-se por Binar para
Biambi assegurando aquele sector em substituição do CCAV 1485

O 3º Pelotão, no dia 4 de Junho ( Domingo) deslocou-se pera Encheia

Este foi o Treino Operacional dispensado À CART e teve lugar no sector de Bula, entre 5 de Maio e 7 de Junho de 1967

Neste período, segundo o Livro oficial da História da Unidade as operações atrás mencionadas
deram pelo nome de:
Em 10/5 BARAFUSTAR
Em 12/5 BAMBOLEIO
Em 15/5 BIPARTIDA
Em 18/5 BRIGÃO
Em 19/5 BOTA A BAIXO
Em 22/5 BAMBUADA
Em 26/5 BELIPOTENTE
Em 29/5 BATUCAR
Em 31/5 BOAS ENTRADAS

Não sei porquê, mas as operações desta Companhia foram baptizadas com palavras (algumas sem nexo) iniciadas pela letra B

sábado, janeiro 13, 2007

FOLHAS SOLTAS DO MEU DIÁRIO


Pelo facto de me ter empenhado neste Blog, voltei a ler o meu Diário de Guerra com mais atenção e voltei a rever situações, as quais, algumas delas, já quase nem me recordava.
Assim vou historiar algumas situações:

EU, EM BISSAU, E O MARCO PAULO , PIRIQUITO A CHEGAR :

Numa das minhas idas a Bissau, estive alguns dias, aboletado, em casa do Tenente Médico
do Hospital Militar de Bissau, Dr José Homem Albuquerque Ferreira, que por coincidência
era o médico de lá de casa.
Num determinado dia, fui jantar ao Restaurante de uma Pensão que existia na Avenida Principal do lado esquerdo quem vai em direcção ao Palácio do Governador, com um conterrâneo, civil,
Funcionário da Sacor, e (dizem que Agente da Pide). Estavamos a jantar na sala e o Marco Paulo
também jantava, sozinho numa das mesas, recentemente chegado da Metrópole, com a patente
salvo erro de 1º Cabo;Eu encontrava -me vestido à civil e ele, Marco Paulo estava devidamente fardado.
De repente, surgiu à p orta do restaurante o furriel Miliciano Adelino Carinhas, natural de Sever
do Vouga e que foi meu colega no Colégio de Albergaria; acabava de ter sido solto da prisão, onde
cumpriu uma pena, por ter dado uns tabefes num Alferes da sua Companhia.
Alto e bom som, bateu a continência e virado para a nossa mesa, disse: - O meu Capitão dá licença?
De pronto levantei-me da mesa e com um sinal de cabeça, mandei-o entrar, tendo-se aproximado da mesa e acabou por jantar connosco.
A tudo isto, assistiu o Marco Paulo.
Como ainda estive em Bissau mais uns dias, cruzei-me algumas vezes na rua com o Marco Paulo,
e como eu trajava à civil, era vê-lo atravessar às vezes a rua, só para passar junto de mim e
bater-me a continência, com um respeito desmesurado.
No dia em que regressei, salvo erro a Bula, vesti a farda de furriel Miliciano. e por casualidade voltei a cruzar-me na Rua com o Marco Paulo, que ao ver-me fardado de furriel, manifestou
um ar de admiração pois andou durante alguns dias convencido que eu seria capitão e que certamente lhe poderia valer na sua estadia em Bissau.

Esta foi uma das várias peripécias que me recordo e que conto, outras situações curiosas virão mais tarde.

terça-feira, janeiro 09, 2007

AQUELES QUE DA LEI DA MORTE SE VÃO LIBERTANDO



Honra-nos muito ter pertencido à Companhia de Artilharia 1688, a qual, tendo conseguido feitos notáveis em campanha, condecorada com a Cruz de Guerra de 1ª Classe, vencedora da
Flâmula de Honra das Guiné em Fevereiro de 1968, merecedora de vários e honrosos Louvores quer dos Altos Comandos da Guiné quer dos da Metrópole, que teve o previlégio de ser a pri-
meira Companhia operacional da Guiné a regressar com todos os soldados que daqui partiram.


No entanto, todo este esforço saiu dos nossos corpos, e como ninguém é de ferro, uns por
uns motivos outros por outros, não viveram o suficiente para conviver em amizade com
todos nós, ex-combatentes.
Às familias dos nossos camaradas que já partiram ,o nosso abraço de condolências:
Até à data, lembremos com saudade:

AIRES DA SILVA FERREIRA
ANTÓNIO ARMANDO PEREIRA
ARMÉNIO FERNANDES PINTO
FRANCELINO BASTOS VIEGAS
JERÓNIMO DE BARROS PACHECO
JOÃO DA COSTA E SILVA
JOAQUIM ANTÓNIO CALINHOS
JOAQUIM DA SILVA OLIVEIRA MARQUES
MANUEL MOREIRA DE SOUSA MATOS
MANUEL MOREIRA DA ROCHA

segunda-feira, janeiro 08, 2007

QUADRO DE PESSOAL

CLASSE DOS SOLDADOS

Pela ordem que const do Livro HISTÓRIA DA UNIDADE

SOLDADOS

António Augusto Miguel
Domingos Barros Simão
António Monteiro do Couto
Virgilio Fernandes Milheirão
Manuel José da Silva
José Fernandes de Brito
Manuel Augusto da Silva Cardoso
António Magalhães Teixeira Mendes
Artur de Frias
Mário José Santos Bruno
Albano Pereira Fernandes
António Pedro Ramos Varela
Alfredo Silva Lemos
Mateus Martins dos Santos
José Figueiredo Ferreira
Aires da Siva Ferreira
Serafim de Lima Faria
Guilherme Pereira dos Santos
Joaquim Ferreira de Oliveira
Joaquim Ribeiro dos Santos
João Ferreira
Benjamim Pereira Moreira
Adelino Cerqueira Coimbra
José Fernando Martins Gomes
José >Joaquim Ribeiro Pereira
Jorge Ferreira da Costa
António Dias Lucas
Domingos Gomes Faria
António da Coista Bernardo
Moisés Alves Bilber
Manuel Correia da Silva
Romeu Henrique dos Santos Ferreira
António Dinis Guerra
Manuel Carvalho Marques
Albino Pinho Neves
João Manuel Lapa Lobo
José Magalhães Ferreira
José Paulo Rodrigues
Helder Henriques Borges Pereira
Manuel Ferreira da Silva
António Fernandes Moura de Oliveira
João Estevão do Céu Cabral
José Francisco Carvalho Ribeiro
Hermínio Tiago Ramos
Armando Alberto Goulart Pereira
Antero José Mateus Feliciano
José da Costa Ferreira
Manuel Barros Vieira
Fernando Sousa
António Maria Freitas Almeida
Orlando António Àvila Bettencourt
Manuel Freitas Vaz
José Augusto Santos Almeida
Augusto Silva Neves
João Américo Veloso Ferreira
Joaquim Salvador de Castro Silva
Pedro dos Santos Marques Ferreira
Alfredo Salvado Rosa
Joaquim Machado
José Lopes de Sousa
Constantino Pogeira Fernandes
Manuel Moreira da Rocha
Horácio Ferreira das Neves
António Ferreira Pina Vilela
José Joaquim Teixeira
Manuel Palmeiro Dias
Eugénio Cardoso da Mota
Joaquim Arouca Moreira
Victor Manuel da Silva Nicolau
José da Silva Santos
João da Costa e Silva
Artur Marques
Arnaldo Pinto Canedo
José Augusto Martins
Hipolito dos Santos Moreira
Agostinho Moreira da Rocha
Manuel Tavares de Almeida
Carlos Alberto Pereira Corino
João Maria Vieira Gonçalves
José Anselmo Nunes de Sousa
João Pereira Ribeiro
Adelino Silva Alves
José Ferreira da Silva
Artur Rebelo da Costa
Manuel Gomes Correia Vieira
José Correia dos Santos
Joaquim de Sousa Martins
Serafim Ferreira Azevedo
Domingos Freitas
José Alves Duarte
João sousa Barbosa
António Alves
Manuel Domingos de Sousa
António Lopes de Araujo
Manuel Palma de Melo
Laurindo Moreira Fernandes



COMPLETAMENTOS E RECOMPLETAMENTOS

COMPLETAMENTOS

1º Cabo - João José Franco
Soldado - José Fernando Vilarinho


RECOMPLETAMENTOS


1º Cabo - Luis Bernardino

domingo, janeiro 07, 2007

IMPRECISÕES - RECTIFICAÇÕES

(PARTE I )

A História de um acontecimento, é um recheio de várias situações, que nos contam para a posteridade a verdade e realidade nua e crua daquilo que se quer descrever.

A História é um relato dos vários sucessos e insucessos militares de uma Instituição (neste caso a C ART 1688) inseridos nas acções militares de Uma nação (PORTUGAL), num determinado tempo ou numa determinada época.

Por vezes, quem os narra, por descrição à distância ( quase 30 anos) nem sempre escreve a total realidade com total isenção.


Não fui, nem sou historiador, mas confrontando algumas leituras que tive oportunidade de ler recentemente, verifico, que nem tudo que nos é apresentado corresponde à total veracidade dos factos.

Quer concordando ou não com a decisão governamental daquele tempo, não me envergonho de ter servido a Pátria no contexto que se vivia na década de 60.

Não sei se fui bom militar, nunca quis ser herói,sempre procurei cumprir a ordens superiores,
por vezes discutindo-as, mas acima de tudo procurei que todos os homens que compunham a
C ART 1688, merecessem a minha amizade e eu a deles. Julgo que o consegui.

No entanto, vejo-me obrigado a repôr algumas verdades relativamente aos textos que tive
oportunidade de ler:


1º - O desembarque do Uíge para Bissau ( Para o Aquartelamento designado por 600) terá
sido feito de dia, atravessando a cidade, sem armas - as quais nos foram distribuidas no
dia 2 de Maio de 1967 e experimentadas na Carreira de Tiro, em Bissau, no dia 4 de Maio.
Não houve, tanto quanto me lembro, de ter atravessado a cidade de armas apontadas e
prontas a disparar.
Se estiver errado aceito a rectificação.

2º - O meu Pelotão ( o 3º)foi o primeiro a chegar a BULA a 5 de Maio de 1967, depois de
atravessar o Rio Mansoa em João Landim
O 3º Pelotão foi o primeiro da Companhia a fazer fogo real, tendo o seu baptismo de fogo
acontecido em 18 de Maio na Operação BRIGÃO - patrulhamento à zona do QUERÈ
Nesta Operação intervieram CCAÇ 1496 (2 Gr Comb) - C ART 1688 ( 1 Gr Comb)
C ART 1525 ( 1 Gr Comb) - FALCÔES - MILICIA - POL ADM e C CAÇ 1612 ( 2 Gr Comb)

3º - A permanência em BULA, durou cerca de 1 Mês, e serviu para a Companhia, efectuar o
seu treino operacional, no verdadeiro cenário de guerra. Nunca esta Companha poderia ser
considerada de intervenção neste período, pois não detinha experiência para tal.
Lembro-me como se fosse hoje, das palavras do Comandante do Sector de Bula, no discurso de despedida da Companhia, - tudo ter feito para que esta nossa estadia tivesse tido outros resultados, pois pretenderia que tivessemos tido mais contactos para ganharmos mais
experiência.

4º - Não foram os furrieis mais antigos nomeados para vir à Metrópole representar a Companhia nas cerimónias do 10 de Junho a receber a Cruz de Guerra de 1ª Classe.

A verdade foi que, os furrieis reuniram, quando tiveram conhecimento de que ìriam à Metrópole dois deles, e decidiram indicar ao Comando o nome do Furriel Enfermeiro GOMES

O outro furriel, o Silveira, que se encontrava, salvo erro em Bissau ,de férias, recebeu ordens
para embarcar para a Metrópole para as cerimónias.

O nosso Comandante, pretendia que quem viesse ´ao 10 de Junho, acumulasse com o período de férias, o tempo dedicado às cerimónias.

O Silveira, foi apanhado em Bissau de Férias; o outro, como o Gomes não foi aceite, julgo que
foi contactado o furriel Simões, porque teria férias nesse período; O simões recusou;
A seguir na escala de féria estava eu, que contactado recusei também. Tudo isto se passou durante o dia 24 de Maio de 1968

Na noite de 24, pelas 22 horas voltei a ser pressionado pelo Capitão e pelo
Alferes Baptista, tendo acabado por aceitar, sem que antes tivesse procurado reunir com os restantes furrieis dando-lhes conta da decisão que estava a ser tomada.
Na manhã do dia 25 pelas 10 horas, em coluna auto deslocámo-nos de Biambi para Bissorã
(Creio que foi a primeira coluna auto de Biambi para Bissorã) Ainda fomos flagelados durante a viagem.
Os furrieis que vieram à Metrópole, ( Eu e o Silveira) não foi porque fossemos os mais velhos mas sim porque interessava à Companhia.
O Silveira, como tinha ido de Bissau num embarque isolado regressou sòzinho após as cerimónias.
Eu o Alferes Baptista e o 1º Cabo Bernardo regressámos a Bissau apenas em 25 de Julho.
Mais à frente contarei porquê.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

CARACTERÍSTICAS DO SECTOR DO BIAMBI


1 - Condições climáticas e meteorológicas

CLIMA
Quente e húmido, com duas estações bem defenidas: - estação das chuvas e estação seca;
a primeira compreende o período de MAI a NOV e a segunda os restantes meses do ano.

CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS
A) - Nevoeiro
(verifica-se mais sobre a noite e primeiras horas da manhã, mas de fraca
densidade. )
B) - Nebulosodade
Densa na época das chuvas e fraca na época seca
C) - Temperatura
As temperaturas mais elevadas, registam-se no mês de MAI, que
antecede as chuvas, e em OUT que marca o fim da época das chuvas
D) - Húmidade relativa
52,8% como valor mínimo no período seco (JAN) e 86% como
valor máximo, na época das chuvas (AGO)
E) - Ventos
Com caracteristicas de ventos dominantes que mais afectam o Sector, indicam-
se os alisados, o vento Leste e as brisas do Litoral;
O vento leste é um vento seco e quente .
Importa ainda referir os Tornados, que são mais frequentes nas épocas dos aguaceiros,
com que se inicia e termina a época das chuvas e que resultam da luta travada entre o
vento Leste e a Monção Marítima.
No tempo seco, predominam os alisados a as brisas
l itorais, raramente se fazendo sentir o vento Leste no solo.

TERRENO


A) - Situação


O sector do Biambi é limitado a N pelo Rio BIPO, a sul pelo Rio MANSOA;
a E pelo Rio ENCHEIA até cerca do CHUMBURE e a W pela divisão administrativa dos
postos de BINAR e ENCHEIA. Tem uma superfície aproximada de 165 Km2. O Sector é
atravessado pelo Rio CAMÃ que o divide em dois compartimentos

B) Relevo e Hidrografia

Relevo - Pouco acentuado e sem pontos dominantes
Nas margens dos cursos de àgua, predominam as terras baixas e alagadiças
Hidrografia - Os principais Rios são de QUITAMO, ENCHEIA, BIPO e MANSOA no
limite do sector e o Rio CAMÃ que divide o Sector.

C) Vegetação

A zona mais arborizada encontra-se a N da estrada Biambi - Binar

D) - Natureza do Solo

Nas terras mais baixas o terreno é brando, particularmente na época
das chuvas. Nas margens das linhas de àgua o solo é lodoso.

MORFOLOGIA DE ENCHEIA E SUAS CARACTERÍSTICAS

No nosso tempo, Encheia, era uma pequena localidade à beira do Rio Mansoa, com três casas comerciais, um Chefe de Posto com mais ou menos 6 a 8 cipaios, cujas familias dispunham de
habitações dentro do arame farpado.
Existia uma casa de pedra e cal, onde residia o Chefe de Posto, nativo, no qual não tinhamos
grande confiança, um antigo armazém de recolha de produtos destinados à Casa Gouveia e
que funcionava como camarata de alguns militares; um antigo Posto médico onde estavam
instalados o Alferes, um sargento e tres furrieis. Tudo o resto era improvisado.
Não havia luz electrica, existiam nos quatro cantos do aquartelamento uns petromaxs que se
ligavam de noite; os soldados estavam instalados numa arrecadação ampla onde existia o posto médico e arrecadação de mantimentos, um pequeno abrigo junto à saída para a pista um outro
do outro extremo e alguns soldados instalaram-se em antigas pocilgas e galinheiros.
Em resumo; este aquartelamento funcionava como posto avançado de Biambi, não oferecia condições de segurança, e só um exemplar desempenho de psico, permitiu passarmos cerca de
seis meses sem qualquer ataque ao aquartelamento, o que só veio a acontecer quando para ali se deslocou uma Companhia, a render o 3º Pelotão.
Só quando os fuzileiros patrulhavam o Rio Mansoa e pernoitavam em Encheia, nos sentíamos seguros pelo menos do lado do Rio. Estas situações ficavam-nos caras pois tinhamos que lhes fornecer pão fresco e por vezes algumas bebidas.
As Casas comerciais existentes na época eram:
O Velho Naim, e o Danif (bastante mais novo); ambos libaneses: o primeiro, homem talvez com mais de 70 anos radicado há muito na Guiné, vivia com uma nativa, e jogava com um pau de dois bicos; o Danif, era um aventureiro que quando rebentou a guerra no Médio Oriente, abandonou tudo para ir em defesa do Líbano. O Danif quando foi embora foi substituído por um outro. português, que levou para lá uma caboverdeana pela qual se perdeu de amores, tendo feitio um desfalque e incendiado o estabelecimento. Foi preso e levado para Bissau. Como seria de esperar esta Casa Comercial era pertença da CUF com a designação de Casa Gouveia.
Havia ainda uma outra casa comercial, sita em frenta da casa do Naim, dum nativo, leproso e
que pràticamente só negociava em cachaça
Para terminar esta minha pequena introdução sobre Encheia, resta acrescentar que o nosso Alferes, num determinado dia, deu ordem de prisão ao Chefe de Posto, chamou a Encheia elementos da PIDE e o homem lá foi detido, parece que recambiado para os Bijagós, sob prisão.

Mais tarde, os furrieis pelo seguro foram pernoitar para os abrigos, um gerador foi instalado mesmo ao pé do abrigo da minha secção ( o tal que os Leões Negros, dizem que se abateu num
determinado dia roído pelas formigas baga baga)

Sobre Encheia muito há a contar nos próximos capítulos.