História da Companhia de Artilharia 1688 na Guiné Bissau entre 1967 e 1969

terça-feira, fevereiro 06, 2007

BAPTISMO DE FOGO DO 3º PELOTÃO DA C.ART 1688


Era uma hora e trinta minutos da manhã do dia 18 de Maio daquele ano de 1967, quando nos levantámos da cama, tomámos o pequeno almoço e após os ùltimos preparativos, largámos em viaturas militares, devidamente escoltados, pelas três horas rumámos a João Landim..
Ali chegados, embarcámos em LDM dos Fuzileiros e lá fomos Rio Mansoa fora em direcção ao interior, mais pròpriamente para lá de Encheia.
Eram três pelotões reforçados; o nosso (piriquito) e dois pelotões da C Caç. 1496.
A viagem durou cerca de 4 horas, tendo alguns de nós aproveitado para dormitar.
Pelas 7 horas e 20 minutos, alcançámos Envcheia e passados cerca de 15 a 20 minutos, ancorámos em local prèviamente escolhido pelas chefias.
Logo após o desembarque, organizámos a coluna; à frente seguiam os dois grupos de combate da Companhia de Caçadores 1496,; na cauda seguia o nosso grupo.
Atravessámos uma bolanha, ultrapassános uma tabanca (conjunto de várias palhotas) cujos olhares da população não nos mereciam a mínima confiança. Passámos ainda por uma outra bolanha, outra tabanca ainda e eis-nos num terreno, pouco arborizado em àrvores de grande porte, mas com bastantes arbustos pequenos. Ao fundo, avistou-se uma mata mais cerrada a cerca de uns 600 metros
De repente, à esquerda e longe, ouve-se um tiro e o estrondo de uma bazucada.
Olhei para trás e disse ao Furriel Neto, que estava próximo - para ali a coisa já começou.
Mal tinha acabado de falar e dado meia dúzia de passos , ouve-se à nossa frente e da mata um tiro seguido de uma rajada
Imediatamente os nossos soldados se atiraram para o chão e cada qual procurou o melhor abrigo. Encontrei-me atrás sw um pequeno arbusto e arrisquei correndo para trãs de uma pequena àrvore, aparentemente oferecendo melhor abrigo.
O potencial de fogo era mais sobre a nossa direita, mas mesmo assim o condutor da minha secção, abrigado à minha direita, sentiu e eu próprio testemunhei os efeitos de uma bala ao cravar-se no solo alguns metros à nossa frente.
Ouvia-se com bastante intensidade o silvo de balas a atravessar o ar.
Naqueles momentos de aflição, tudo nos ocorre e mentiria aquele que dissesse que nunca sentiu receio ou medo nestas circunstâncias.
A seguir ao tiroteio, efectuou-se a batida. De seguida, novamente em coluna, passou-se a incendiar todas as palhotas que se encontraram abandonadas de pessoal nativo. Foram todo cerca de 1oo palhotas.
Fiquei verdadeiramente abismado, quando verifiquei que os "velhos" passaram a retirar das palhotas objectos para uso pessoal, tais como roupas, catanas, pequenos utensílios, galimhas, cabritos e muitas outras coisas.
Isto passou-se em Late nas franjas do Queré.
Por volta das 14 horas e debaixo fr um sol infernal alcançámos o Rio Mansoa onde as LDMs nos esperavam para o regresso a João Landim e consequemtemente, a Bula.
Este nosso patrulhamento pelo lado do Rio Mansoa, inseriu-se numa operação mais alargada
que incluiu A C Art 1525 a 1 grupo de Combate, Os Falcões de Bissorã, 1 Grupo de Milicias, Policia Administrativa de Bissorã e C Caç 1612 a 2 grupos de Combate.
Pelo nosso lado a operação designou-se BRIGÃO pelo outro lado (Bissorã) foi desiganada por
BATE QUE BATE.
O comportamento dos velhos contagiou alguns maçaricos do nosso pelotão e recordo-me de ver o sargento Vieira, que também participou nesta operação, arrastar um vitelo, desde as palhotas de Late, até muito próximo do rio. Como estava exausto, devido à caminhada, ao esforço, ao calor e à sua idade, e porque tinha que se esforçar ainda por subir um pequeno morro, acabou por desistir e soltar o vitelo. Mal sabia ele que ultrapassado o morro, esperavam-nos os fuzileiros a escassas dezenas de metros.
Chegámos a Bula pelas 20 horas.

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