História da Companhia de Artilharia 1688 na Guiné Bissau entre 1967 e 1969

sexta-feira, dezembro 29, 2006

TERÁ VALIDO A PENA TANTO ESFORÇO E SOFRIMENTO ?


Bissau, surgiu aos nossos olhos, no cair da noite de 1 de Maio de 1967, quando o Uíge, no meio
da foz do Rio Geba, ancorou. Não poderia atracar porque o porto comercial não permitia pelas
suas condições o ancoradouro de navios de grande porte.

As luzes da iluminação pública de Bissau, pareciam as de uma aldeia grande da Metrópole, só se destacando o reclame luminoso da Casa Gouveia.

Entretanto, começaram as várias companhias, que durante seis dias atravessaram o Atlantico
a bordo do Uíge, a desembarcar para batelões e rio Geba acima ,seguiram aos seus destinos.

Só a nossa Companhia ali permaneceu chegando a ordem de desembarque só no dia 2. rumo
ao Aquartelamento designado por "600" onde ficámos a aguardar o nosso destino final.

As nossas cabeças, pouco ou nada politizadas, quase tendo sido lavadas cerebralmente, esperá-
vam encontrar anúncios e publicidade da CUF.

Só e apenas aqueles que tiveram acesso ao ensino superior, ou aqueles poucos que detinham
levemente noções politicas que lhes chegavam por via da divulgação à sucapa clandestina do
Avante, sabiam que o esforço que ali , este punhado de jovens lusitanos, se propunham oferecer
à Pátria, não era mais do que defender e contribuir para o crescimento do grupo CUF.

Ao fim e ao cabo, era a continuação e manutenção de uma escravatura encapotada.

A Guiné, sempre foi uma zona ou região que sofreu logo no início dos séculos XIII e XIV a pressão do povos MANDÈ
Por via disso ainda hoje o litoral tem hábitos muito diferentes dos do interior.
Foram os MANDINGAS e os FULAS, que ao se espalharem pelo território da Guiné Bissau
já pelo séc XIX que criaram raízes e hábitos que ainda hoje persistem.
Depois de várias vicissitudes, tomadas de posição, a posição dos portugueses e espanhóis foi
fortalecida pelas divisãoes internas, permitindo o alargamento do comércio de escravos.
Tendo Portugal aderido ao fim do comèrcio de escravos, e com o afastamento dos espanhóis
Portugal procurou sedimentar a sua influência naquela região o que nunca conseguiu totalmente.
Depois de uma certa acalmia provocada pela atitude do Cap. Teixeira Pinto, a pacificação tomou
uma certa organização e entendimento generalizado.
Com a devida autorização do governo da Metrópole, o Grupo CUF assegura o monopólio de
todo o comércio externo da Guiné. Isto não era mais do que a continuidade de uma escravatura
de um povo, nas suas terras, que tudo quanto oproduziam era encaminhado para os Postos Co
mercias da Casa Gouveia (parecia mal ao mundo ser tudo CUF) e tudo quanto o povo nativo
necessitava para se alimentar ou vestir ou outros de lazer, eram provenientes da CUF e vendi
dos a peso de ouro nos vários Postos da Casa Gouveia.

Era tudo isto que esta juventude, vinha defender. Em nome da Pátria, morrer se necessário.

Terá valido a pena ? Julgo que não. Só ficou a camaradagem dos momentos difíceis a amizade
que permaneceu ao longo dos anos e ainda floresce.

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