História da Companhia de Artilharia 1688 na Guiné Bissau entre 1967 e 1969

sexta-feira, março 30, 2007

A COMPANHIA NO BIAMBI

PERÍODO DE 7 DE JUNHO DE 1967 A 4 DE DEZEMBRO DE 1967

Como missão principal da CART 1688, após a sua colocação em quadrícula no sector de Biambi, seria a de assegurar a ocupação territorial e o controlo do seu sector; manter o controlo dos itenerários de Binar - Encheia e Bissorã: e desenvolver uma intensa actividade psico social com o fim de paxar para o nosso lado as populaões das diversas tabancas principalmente as de Dará - Claque- Quitamo - Quissanque- Chalé - Inquida - Camã - Infaide - Clonque - Insanhe - Impasse- Encheia - Enchanque - Blafechuro e Ungro.
Durante este período, a CART 1688, teve um Grupo de Combate - o 3º - destacado em Encheia e contou com a colaboração e permanência do referido Pelotão de Nativos 55.
Durante este período efectuaram diversas acções das quais destacamos:
Início da construção da pista de aterragem para DO 27.
Destaque para as seguintes operações militares:
BALBUCIO
BIZARMA
BIOMBO
BALAME
BISCATE
BAILADEIRA
BOA VONTADE
BOM AMIGO
BATE O PÉ
BULHENTO
BÁSICO
BOLANHA
BARRAGEM
BÁRATRO
BÁRBARA
BAZOKADA
BIRRAR
BIBLIOTECA
BITOLA
BRUSCA
BATE DURO
BORRIFO
BRASIDO
BORBOTÃO
BALOTE
BIGODE
BATISCAFO
BIFANA
BALISTICA
BIQUINI
BASILAR
BICICLETE
BICHO MAU
BACAMARTE
BARROTE
BOCARRA
BRILHANTE

Durante este período, destaque para as operações - Bate o Pé - Báratro - Bárbara - Bitola - Bolanha - Bigode - Balistica - Biquine , não só pelo material apreendido, mas também pelas capturas efectuadas ou pelos baixas infligidas-
Destaque ainda para as seguintes actividades para além das operações atrás mencionadas:
191 Patrulhamentos
192 Emboscadas
6 Batidas
3 Golpes de Mão
Durante este período, a Companhia sofreu 9 flagelações e 8 ataques ao aquartelamento.

domingo, março 25, 2007

PELOTÃO DE CAÇADORES NATIVOS 55
PANTERAS NEGRAS


Apresença do Pelotão de Caçadores Nativos 55 no Biambi, iniciou-se ainda antes da chegada àquele aquartelamento da CART 1688, e passou a fazer parte integrante da CART, para todos os efeitos, a partir daquela data.
Este Pelotão era comandado pelo Alferes Miliciano Carmona oriundo de Portalegre, e dos seus furriéis constava o Baptista, da região de Águeda, consequentemente, meu quase conterrâneo.
Não me recordo dos restantes furrieis daquele Pelotão bem como de dois ou três cabos. Só estes eram brancos. Os restantes eram nativos fundamentalmente de etnia creio que fula.
Este Pelotão de Nativos, ocupou o lugar do 3º Grupo de Combate, enquanto esteve em Encheia.
Permaneceram juntos em Biambi, de 4 de Dezembro de 1967 a 6 de Agosto de 1968.
A partir desta data, o Pelotão de Caçadores Nativos 55, saiu de Biambi, em direcção de Buba, onde esteve algum tempo, passou por Aldeia Formosa e acabou a comissão em Gadenbel.
Tenho a promessa do ex furriel Baptista de obter oportunamente mais alguns elementos sobre
a vida deste Pelotão de Caçadores, bem como de algumas fotos que oportunamente e, logo que municiado do competente equipamento, começarei a publicar.
A vida deste Pelotão saltimbanco tem muito historial para ser contado.

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quinta-feira, março 01, 2007

RECORDAÇÕES DE ENCHEIA


A nossa permanência em Encheia, pode considerar-se um risco muito elevado, um período de acalmia que estou em crer ter ficado a dever-se à psico que levámos a cabo durante a nossa esta-dia.
O nosso principal papel, seria o de proporcionarmos alguma protecção às populações vizinhas, tentarmos fazer com que as populações nativas procurassem o nosso abrigo, a nossa protecção em desfavor das forças do PAIGC que por ali se abasteciam de gado, arroz e recrutavam homens e mulheres para as suas hostes.
Inicialmente, com os nossos cuidados, a assistência médica começou a proporcionar uma aproximação de nativos das tabancas vizinhas, que ao mercado de Encheia, começaram a procurar vender alguns produtos (mancarra, verduras, enfeites, etc).
O Chefe de Posto, nativo dos Bijagós, não nos oferecia muita confiança e estavamos sempre de pé atrás com ele.
Os cipaios, viviam com suas familias, dentro do arame farpado.
O velho Naim, ao fim do dia, recolhia à Casa do Chefe de Posto e ali jantava e pernoitava.
Como o seguro morreu de velho, não arriscava em ficar nas suas instalações comerciais que até eram razoaveis.
O Danif, que geria a casa Fontainhas, porque havia rebentado a Guerra dos Seis Dias, no Oriente, como bom palestiniano que se julgava ser, abandonou tudo para partir em defesa do seu País. O seu substituto, um branco de que não me lembro o nome, apareceu lá acompanhado de uma caboverdiana. Passados dias, ardeu a casa comercial, tendo o fogo começado na gaveta do dinheiro. Como seria lógico, elementos da Policia vieram e levaram-no preso para Bissau. Nunca mais soubemos nada.
A nossa psico era bem esclarecedora.
Certa vez, havendo falta de arroz para a população, convencemos o velho Naim a ir a Bissau adquirir uma grande quantidade para ser vendida aos nativos. Fizémos constar que tinha sido a tropa, que tinha arranjado e obrigado o velho Naim a ir comprar o arroz a Bissau.
Aproveitámos e o Naim fretou uma avionete e devuidamente desenfiados eu e o furriel Neto fomos a Bissau passar um fim de semana. O Alferes Jesus só nos disse que se houvesse algum problema nós tinhamos ido sem autorização. Mas naquela época metade dos civis que circulavam de dia e de noite em Bissau, eram militares desenfiados ou prestes a embarcar de férias para a Metrópole.
Felizmente tudo correu bem.
Quando o barco aportou, passados dias em Encheia com umas toneladas de arroz, eu e o Alferes Jesus fomos ajudar o Naim e o empregado a vender arroz ao balcão do seu estabelecimento.
Isto é que era uma verdadeira psico.
Quanto à segurança, como o aquartelamento não oferecia condições procurávamos estar acordados até o mais tarde possível para podermos responder a qualquer tentativa de ataque.
Os Fuzileiros que percorriam o Rio Mansoa, não paravam nem permaneciam em Encheia.
Procurámos averiguar o porquê, e descobrimos que eles tinham um conflito com o pelotão que
fomos render. Então, a troco de pão fresco, e algumas cervejas, passaram a pernoitar na LDM
ancorado no Rio, tendo o nosso Grupo de Combate, obtido naqueles dias, uma arma pesada, apontada ao Sul.
A nossa alimentação era igual para todos os elementos (quer soldados , quer graduados) e era
gerida contabilisticamente pelo Sargento Vieira.
Certo dia, o sargento teve de ir uns dias para Bula a frequentar um curso qualquer, fiquei eu
como furriel mais antigo a tomar conta da alimetação. Dispunhamos de algumas vacas, 2 ou 3 porcos, algumas galinhas. Perguntei ao Alferes, como era. Se era para comermos rancho melhorado ou continuarmos com massa com feijão. O certo é que ainda a LDM estava a arrancar e já um vitelo estava a ser preparado. Ainda hoje os ex soldados garantem que foram os melhores dias de alimentação que tiveram. O pior foi quando o sargento chegou ,fez as contas e garantiu que já não havia verba para o próximo mês. O certo é que ninguem passou fome e ele sargento lá teve de fazer contas bem feitas.
Durante a nossa permanência, procediamos a pequenas emboscadas, alertas noturnos e pouco mais ,pois era um pelotão destacado num aquartelamento com pouca segurança.
O pior foi quando as altas patentes fizeram deslocar uma companhia para Encheia, preparando a substituição do nosso Grupo de Combate.
Encontrava-me de férias, e na Metrópole tive conhecimento do ataque ao aquartelamento tendo morrido um soldado da Companhia que nos ia render.
Quando, após as férias, regressei à Guiné, em Bula, recebi ordens para ir buscar o Grupo de Combate a Encheia, para nos juntarmos à Companhia Mãe no Biambi.
E assim aconteceu.
Regressámos com armas e bagagens em LDM dos fuzileiros de Encheia a João Landim.Em coluna auto de João Landim a Bula. Em Bula permanecemos meis duzia de dias até seguirmos em coluna por Binar até Biambi, onde permanecemos até ao final da nossa comissão.
Em Encheia ficou a secção do Furriel Neto, porque este estava com um ferido aquando do ataque pois o base do morteiro saltou e caiu-lhe no pé.
O Capitão da Companhia que nos rendeu queria que ficasse a secção do Nóbrega, mas como o
Nóbrega era bastante voluntarioso, um poço de energia, optei por deixar a secção do Neto, após
termos conversado os três sobre o assunto. O Alferes estava de férias motivo porque era eu que tinha de assumir o comando. O Sargento Vieira já lá não estava.